Uma experiência imperdível conheça a cultura ribeirinha
Por: Alexandre
Pimenta
Fotos:
Alexsandro Rafael
Recebemos
aqui no Recife desde o dia 5 de Novembro de 2012, exposição Rio São Francisco
Navegado por Ronaldo Fraga, no Santander Cultural na Avenida Rio Branco, 23 no
Bairro do Recife. Após passar em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Criada
em 2010, inspiração partiu da coleção primavera-verão 2009 do estilista
mineiro. Foram realizadas pesquisas da população que vive em torno do rio que
passa por Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.
Buscou nas suas lembranças histórias contadas pelo seu pai quando tinha sete
anos de idade sobre o rio e as lendas que vive no imaginário das pessoas.
Ronaldo
Fraga, natural de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, casado a mais de dez
anos, têm dois filhos, graduado em estilismo pela Universidade Federal de Minas
Gerais. Estudou em Nova York, cursou a Parson’s School. Em Londres aprendeu
chapelaria e abriu uma pequena produção de chapéus. No ano de 1996 participou
da Phytoervas Fashion, em São Paulo, no ano seguinte foi premiado como estilista
revelação. Posteriormente lançou sua marca. Logo após a sua participação na
Semana de Moda- Casa de Criadores, foi convidado para participar do São Paulo
Fashion Week, desfila nas duas edições anuais. Na sua segunda vez com as roupas
inspiradas em Zuzu Angel, foram indicadas ao prêmio Abit- Associação Brasileira
da Indústria Têxtil, como a melhor coleção feminina em 2002. As suas roupas são
vendidas em duas lojas próprias, uma em Belo Horizonte outra em São Paulo, além
das 30 multimarcas em todo Brasil.
Passou três meses abordo do barco Benjamim
Guimarães, o único no mundo ainda movido a vapor, pelo rio São Francisco que
tem a sua nascente na Serra da Canastra na cidade de Medeiros em Minas gerais e
se estende até Bahia, Pernambuco, Sergipe e termina em Alagoas na cidade de
Piaçabuçu com extensão de 2.863 km. Durante a viagem, Fraga conheceu mais
profundamente essa cultura que depende diretamente da sua riqueza como um meio
de subsistência. Na sua exposição retratou exatamente o que observou durante a
sua viagem.
Exposição
Logo no
início, deparamos no primeiro ambiente nomeado como O Chico morre no mar retratando
o encontro do Chico com o mar em cardumes de peixes de garrafa pet e colchões
estampados como águas de tábuas. No momento o visitante vai assistir ao vídeo
gravado pelo Ronaldo Fraga, durante a viagem em Pirapora (MG), no qual explica
o proposito da exposição. No segundo ambiente é memória e devolução, representa
os ex-votos do santuário de Bom Jesus da Lapa, mostrando a devoção e fé das
pessoas. No terceiro ambiente encontramos o Chico e o caixeiro viajante relata
a saudade do rio que não existe mais. Parede feita por malas antigas, fotos de
Maciel Gautherot, do acervo do Instituto Moreira Salles e vídeo pelo projeto
“Cinema no Rio São Francisco”. No quarto ambiente é o gosto que o Chico tem
mostra os cheiros e gostos do rio.
Subindo para o primeiro andar,
conhecemos a Willi de Carvalho da nascente a foz do rio correm lendas e mitos,
além de peixes e a canoas do ribeirinho. Ao lado chegamos ao sexto, à voz do
Chico, vestidos podem ser tocados, onde se encosta a orelha ouvimos a bela voz
de Maria Bethânia declamando o poema de Carlos Drummond de Andrade “Águas e
Mágoas do Rio São Francisco” escrito em 1997. No sétimo, de encontro ao rio
Soraya Ursine é mineira,fotógrafa e jornalista. Em 2001 fotografou para a
expedição Engenho Halfeo, ela diz: ”Viajar pelo Rio São Francisco foi como
entrar no coração do Brasil e ver por dentro as suas transformações e
riquezas”.
Indo para o segundo andar, entramos
no oitavo ambiente, o mapa onde é traçado o percurso do rio. Além de monóculos
que desvendam imagens das principais cidades às margens. Ao lado podemos
observar o nono ambiente o rio tece e veste roupas criadas pelo Ronaldo Fraga que
ilustra a alma, cultura, ofício dos bordados feitos ao longo do Rio São Francisco.
É percebido que a memória das bordadeiras é revelada e a parede do cenário é
como se fosse uma simulação dos bastidores.
No terceiro andar, onde se encontra
o décimo ambiente, do convés do vapor Benjamin Guimarães observamos as várias
faces do rio, nesta parte é demonstrado como seria a primeira classe e segunda
classe e os próprios corredores entre ambas as partes. Partimos para o próximo
ambiente, o décimo-primeiro, painel de lendas são ilustrações da estilista Ronaldo
Fraga sobre as lendas mais famosas no universo do rio. Logo quando saímos
deparamos com o Chico e suas carrancas no décimo- segundo ambiente, São
Francisco é um santo que flutua e abençoa reforçado pelas carrancas que afastam
o mau agouro. Mineiros e Pernambucanos construíram este local, que é associando
o rio a seus mitos e histórias. No décimo-terceiro é a pescaria, um espaço
interativo e de informação. Os peixes colocados que podem ser pescado pelos
visitantes revelam novidades. No décimo-quarto, ocorrem à exibição do vídeo
sobre as cidades submersas, criado, produção, direção e narração de Wagner
Moura, onde retrata os últimos dias de Rodelas, cidade baiana às margens do rio,
que foi submersa para construção da barragem da hidrelétrica de Itaparica, em
1988.
No último ambiente é água que se
bebe, são garrafas onde estão as águas do “velho Chico” retiradas de locais
diferentes para que o visitante perceba a consequência da ação do homem
degradando, e cada uma com um rótulo diferente que homenageia as cidades ao
longo do São Francisco.
Logo após o termino de uma visita em
grupo com a presença do arte educador, e com monitores em cada andar,
entrevistei Severina Leopoldina da Silva, 71 anos comentou “Que achou muito
importante conhecer é para as crianças também”. Uma das crianças foi Maria
Luiza dos Santos, 11 anos disse “Foi muito boa, conhecer os peixes e as
histórias”.
Um dos monitores da exposição,
Kleber de Oliveira Lima, comentou “Essa exposição fala sobre o passeio mágico
sobre o Rio São Francisco, por ter sido elaborado por um estilista, não é uma
exposição de moda é uma que toca o visitante pela afetividade, pela simbologia
mística que pode ser considerado como o Nilo, muitas vidas depende desse rio” e
o arte educador Felipe Neves disse “Eu como educador, o meu papel é ambientar
as pessoas neste espaço e receber grupos de pessoas ou espontâneo e
proporcionar esta interação e ter esse contato com a arte”.
O
período de visita é de terça a domingo as 13h00 até 20h00, entrada franca. Caso
o visitante precise de transporte para ida e volta à exposição, o Instituto
Santander fornece gratuitamente, mas é necessário forma um grupo é ligue para
(81)3224-1110 ou por e-mail: servicoeducativoscrecife@ gmail.com. Uma boa
experiência para ser guardada para o resto da vida.