sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Exposição Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga


             

Uma experiência imperdível conheça a cultura ribeirinha



Por: Alexandre Pimenta
Fotos: Alexsandro Rafael

Recebemos aqui no Recife desde o dia 5 de Novembro de 2012, exposição Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga, no Santander Cultural na Avenida Rio Branco, 23 no Bairro do Recife. Após passar em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Criada em 2010, inspiração partiu da coleção primavera-verão 2009 do estilista mineiro. Foram realizadas pesquisas da população que vive em torno do rio que passa por Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco. Buscou nas suas lembranças histórias contadas pelo seu pai quando tinha sete anos de idade sobre o rio e as lendas que vive no imaginário das pessoas.
Ronaldo Fraga, natural de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, casado a mais de dez anos, têm dois filhos, graduado em estilismo pela Universidade Federal de Minas Gerais. Estudou em Nova York, cursou a Parson’s School. Em Londres aprendeu chapelaria e abriu uma pequena produção de chapéus. No ano de 1996 participou da Phytoervas Fashion, em São Paulo, no ano seguinte foi premiado como estilista revelação. Posteriormente lançou sua marca. Logo após a sua participação na Semana de Moda- Casa de Criadores, foi convidado para participar do São Paulo Fashion Week, desfila nas duas edições anuais. Na sua segunda vez com as roupas inspiradas em Zuzu Angel, foram indicadas ao prêmio Abit- Associação Brasileira da Indústria Têxtil, como a melhor coleção feminina em 2002. As suas roupas são vendidas em duas lojas próprias, uma em Belo Horizonte outra em São Paulo, além das 30 multimarcas em todo Brasil.
 Passou três meses abordo do barco Benjamim Guimarães, o único no mundo ainda movido a vapor, pelo rio São Francisco que tem a sua nascente na Serra da Canastra na cidade de Medeiros em Minas gerais e se estende até Bahia, Pernambuco, Sergipe e termina em Alagoas na cidade de Piaçabuçu com extensão de 2.863 km. Durante a viagem, Fraga conheceu mais profundamente essa cultura que depende diretamente da sua riqueza como um meio de subsistência. Na sua exposição retratou exatamente o que observou durante a sua viagem.
Exposição
Logo no início, deparamos no primeiro ambiente nomeado como O Chico morre no mar retratando o encontro do Chico com o mar em cardumes de peixes de garrafa pet e colchões estampados como águas de tábuas. No momento o visitante vai assistir ao vídeo gravado pelo Ronaldo Fraga, durante a viagem em Pirapora (MG), no qual explica o proposito da exposição. No segundo ambiente é memória e devolução, representa os ex-votos do santuário de Bom Jesus da Lapa, mostrando a devoção e fé das pessoas. No terceiro ambiente encontramos o Chico e o caixeiro viajante relata a saudade do rio que não existe mais. Parede feita por malas antigas, fotos de Maciel Gautherot, do acervo do Instituto Moreira Salles e vídeo pelo projeto “Cinema no Rio São Francisco”. No quarto ambiente é o gosto que o Chico tem mostra os cheiros e gostos do rio.
            Subindo para o primeiro andar, conhecemos a Willi de Carvalho da nascente a foz do rio correm lendas e mitos, além de peixes e a canoas do ribeirinho. Ao lado chegamos ao sexto, à voz do Chico, vestidos podem ser tocados, onde se encosta a orelha ouvimos a bela voz de Maria Bethânia declamando o poema de Carlos Drummond de Andrade “Águas e Mágoas do Rio São Francisco” escrito em 1997. No sétimo, de encontro ao rio Soraya Ursine é mineira,fotógrafa e jornalista. Em 2001 fotografou para a expedição Engenho Halfeo, ela diz: ”Viajar pelo Rio São Francisco foi como entrar no coração do Brasil e ver por dentro as suas transformações e riquezas”.
            Indo para o segundo andar, entramos no oitavo ambiente, o mapa onde é traçado o percurso do rio. Além de monóculos que desvendam imagens das principais cidades às margens. Ao lado podemos observar o nono ambiente o rio tece e veste roupas criadas pelo Ronaldo Fraga que ilustra a alma, cultura, ofício dos bordados feitos ao longo do Rio São Francisco. É percebido que a memória das bordadeiras é revelada e a parede do cenário é como se fosse uma simulação dos bastidores.
            No terceiro andar, onde se encontra o décimo ambiente, do convés do vapor Benjamin Guimarães observamos as várias faces do rio, nesta parte é demonstrado como seria a primeira classe e segunda classe e os próprios corredores entre ambas as partes. Partimos para o próximo ambiente, o décimo-primeiro, painel de lendas são ilustrações da estilista Ronaldo Fraga sobre as lendas mais famosas no universo do rio. Logo quando saímos deparamos com o Chico e suas carrancas no décimo- segundo ambiente, São Francisco é um santo que flutua e abençoa reforçado pelas carrancas que afastam o mau agouro. Mineiros e Pernambucanos construíram este local, que é associando o rio a seus mitos e histórias. No décimo-terceiro é a pescaria, um espaço interativo e de informação. Os peixes colocados que podem ser pescado pelos visitantes revelam novidades. No décimo-quarto, ocorrem à exibição do vídeo sobre as cidades submersas, criado, produção, direção e narração de Wagner Moura, onde retrata os últimos dias de Rodelas, cidade baiana às margens do rio, que foi submersa para construção da barragem da hidrelétrica de Itaparica, em 1988.
            No último ambiente é água que se bebe, são garrafas onde estão as águas do “velho Chico” retiradas de locais diferentes para que o visitante perceba a consequência da ação do homem degradando, e cada uma com um rótulo diferente que homenageia as cidades ao longo do São Francisco.
            Logo após o termino de uma visita em grupo com a presença do arte educador, e com monitores em cada andar, entrevistei Severina Leopoldina da Silva, 71 anos comentou “Que achou muito importante conhecer é para as crianças também”. Uma das crianças foi Maria Luiza dos Santos, 11 anos disse “Foi muito boa, conhecer os peixes e as histórias”.
            Um dos monitores da exposição, Kleber de Oliveira Lima, comentou “Essa exposição fala sobre o passeio mágico sobre o Rio São Francisco, por ter sido elaborado por um estilista, não é uma exposição de moda é uma que toca o visitante pela afetividade, pela simbologia mística que pode ser considerado como o Nilo, muitas vidas depende desse rio” e o arte educador Felipe Neves disse “Eu como educador, o meu papel é ambientar as pessoas neste espaço e receber grupos de pessoas ou espontâneo e proporcionar esta interação e ter esse contato com a arte”.
O período de visita é de terça a domingo as 13h00 até 20h00, entrada franca. Caso o visitante precise de transporte para ida e volta à exposição, o Instituto Santander fornece gratuitamente, mas é necessário forma um grupo é ligue para (81)3224-1110 ou por e-mail: servicoeducativoscrecife@ gmail.com. Uma boa experiência para ser guardada para o resto da vida.
           
 

 




 

 
 







Acessos